sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Entrecruzamentos do real e do ficcional em Cem Mentiras de Verdade de Helena Parente Cunha

Clarice Costa Pinheiro

A partir da leitura do livro Cem mentiras de verdade, de Helena Parente Cunha, pude perceber que a autora busca apresentar a realidade social brasileira como quem revela instantâneos de vivências cotidianas. São flashes de pequenas “realidades”, fragmentos de histórias. Publicado na conturbada década de 80, o livro tem como foco central as contradições econômicas do país e a manutenção da situação de opressão da mulher nessa sociedade patriarcal excludente. Constituído de micronarrativas que são pequenos textos cuja principal característica consiste em dizer o máximo no mínimo de palavras sem que haja perda de sentido, o livro antecipa a discussão sobre essa nova forma breve no Brasil. Discussão essa que só seria vista na década seguinte e que, entretanto, já estava bastante difundida nos países hispano-americanos. O título Cem mentiras de verdade antecipa o conteúdo do que vai ser narrado e atenta para o fato de que não há nem mentiras e nem verdades, tudo é ficção construída com o intuito de criar realidades.

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