quinta-feira, 11 de outubro de 2007

O contra discurso mítico poético de Myriam Fraga

Ricardo Nonato Almeida de Abreu Silva

Na Modernidade, o emprego dos mitos foi intensificado, especialmente na lírica passando esses a simbolizar situações/ações e assim ampliando o repertório da poesia. Usados e re-usados até o modernismo, sempre com seus significados cristalizados, começaram, na emergência da poesia de autoria feminina, a partir do meado do século XX, a serem ressignificados. A busca da ambigüidade, fornecendo maior complexidade, não se pode negar ter sido uma contribuição da psicanálise, com Freud e Jung, além de outros. O sentido dos mitos, hoje, é o mais próximos do que existia para os povos arcaicos, uma “história verdadeira”, tal como concebe Mircea Eliade. A poesia contemporânea de autoria feminina apropria-se desse universo mitológico (greco-romano), problematizando questões inerentes à nossa humanidade, norteadora de nossas vivências, colocando em discussão o masculino e o feminino na cultura. A poesia de Myriam Fraga, em uma das suas vertentes poéticas, tem o mito como fio condutor de discussões entre masculino e feminino, seus lugares e papéis na sociedade. A partir da imagem mítica de Penélope, que nos veio com o texto de Homero, a poeta tece uma espécie de contra discurso frente ao discurso hegemônico, estabelecendo novas possibilidades para o feminino, deslocando posturas dicotômicas na relação com o outro gênero, o masculino. Analisaremos as configurações discursivas de Penélope na lírica de Myriam Fraga, para verificarmos como a autora desconstrói todo um discurso que intenta estabelecer um lugar e uma função para mulher na sociedade.

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