sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Graciliano Ramos, Silviano Santiago e Nelson Pereira dos Santos: O olho torto e a invenção do entre-lugar

Angela Sampaio Meneses

O abalo das noções tradicionais de sujeito, autoria, discurso, situa a (auto)biografia textual/cinematográfica numa nova perspectiva – a do fenômeno da cultura. Os autores em questão (re)escreveram, (re)contaram a história social, cultural e política do Brasil, sob outras lentes, outro olhar que não o do registro oficial imposto e hegemônico, mas por um movimento avesso, do desvio, que rejeita as supostas verdades divulgadas pelos sistemas totalitários no país. Além disso, a problemática dos países periféricos, colonizados, latino-americanos, a questão do poder-saber, a produção artística, o público, o mercado, a cidadania, a globalização, o subdesenvolvimento.. Nesses termos a estratégia do percurso sinuoso da margem, do interstício na criação do entre-lugar (de Silviano Santiago) como resistência e negação do lugar de poder e autoridade, com a quebra das hierarquias e dicotomias ocidentais, é metaforizada no olho torto da história infantil de Graciliano Ramos. Ele reencena o olho torto na sua vida/obra, assim como o fazem Santiago e Nelson Pereira dos Santos, nas revisitações, apropriações dessa vida/obra, produzindo diálogos, releituras, recortes, deslocamentos, e na discussão das questões mencionadas presentes nas obras dos três intelectuais.

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